CCJF: Lideranças femininas das favelas do RJ foram tema em destaque no segundo dia do II Seminário de Direitos Humanos*

Publicado em 27/08/2020

Em sintonia com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Desenvolvimento Sustentável, o Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) realiza até sexta-feira (28 de agosto), de forma totalmente on-line, no canal do CCJF no YouTube, o “II Seminário de Direitos Humanos – Nos tempos da pandemia”.

A abertura do evento, no dia 26, contou com a participação do diretor-geral do CCJF, desembargador federal Ivan Athié, e da diretora-executiva do Centro Cultural, Maria Geralda de Miranda. Já a palestra de abertura (Acesso à Justiça durante a pandemia) foi ministrada pelo juiz de Direito em Santa Catarina e ex-conselheiro do Conselho Nacional de Justiça/CNJ Marcio Schiefler Fontes.

Um dos destaques do primeiro dia foi o painel “Lideranças femininas das favelas do RJ em tempos de pandemia”. O objetivo da apresentação, mediada pela professora e coordenadora do Núcleo de Estudos em Saúde e Gênero – NEGAS na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Nilza Rogéria de Andrade Nunes, era explicitar os desafios que são vividos nos territórios populares a partir de lideranças femininas. “As favelas são territórios muito emblemáticos para que se possa refletir o enfrentamento da pandemia, uma vez que a favela representa a expressão das desigualdades, da ausência das políticas públicas ou da pouca presença do Estado. Ela é a expressão da questão das habitações precárias, da questão do subemprego e do emprego precarizado, o que leva à necessidade de levar em conta múltiplos desafios”, afirmou.

A mesa começou com a exposição de Anazir Maria de Oliveira (pedagoga, assistente social e líder comunitária na favela Nova Aliança, na Zona Oeste do Rio de Janeiro), ou dona Zica, como é conhecida, que falou sobre a experiência do enfrentamento da pandemia do novo coronavírus na sua comunidade. “Num primeiro momento, todos ficamos dentro de casa por conta do isolamento social. No entanto, começaram a surgir várias demandas. As dificuldades foram aumentando. A partir daí, parti para o desafio, saí do isolamento e fui em busca de ajuda”.

A líder comunitária de 87 anos destacou o apoio recebido de ONGs como a “Criola” e da Central de Movimentos Populares (CMP), “que nos beneficiou com cestas básicas para as famílias mais vulneráveis. No entanto, para viabilizar o atendimento aos mais carentes, era necessário fazer uma espécie de cadastramento, um levantamento de quem eram essas famílias. Nosso grupo de ativistas saiu pela comunidade para coletar essas informações, e isso foi muito importante. Apesar de a dificuldade da favela ser constante, durante a pandemia descobrimos coisas ainda mais graves. Entramos em vielas e encontramos muitas mulheres desempregadas, empregadas domésticas dispensadas pelos patrões, todas passando grandes dificuldades, não só com relação a alimentação, mas com a própria questão de saúde. Crianças com necessidade de atendimento, pais desempregados, enfim, famílias sem apoio algum”.

Em seguida, foi a vez de Lucia Cabral (assistente Social e líder comunitária no complexo de favelas do Alemão) discorrer sobre os desafios encontrados cotidianamente na luta contra a doença. “Antes mesmo da questão da pandemia, já enfrentávamos graves problemas com a Saúde no RJ. Para quem vive na favela e necessita das Unidades de Saúde funcionando, já existia esse desafio”, narrou.

Ela relatou ainda que, nessa luta, a comunidade contou com a parceria do Programa de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que atuou no território com médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde: “Hoje, disse Lucia, temos um gabinete de crise que foi criado no Complexo do Alemão, em parceria com outras instituições, que trabalha diretamente na favela com estratégias para mostrar os cuidados nesses tempos de pandemia. Os desafios são grandes. Agradecemos muito ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras), as Universidades, a Fiocruz. Se não fosse por essas instituições, não teríamos a força que temos hoje para atender a comunidade. O que temos são pessoas solidárias que atuam conosco para suprir toda essa falta que o Poder Público faz. Tivemos que criar iniciativas para atender a população”, ressaltou.

Confira a programação do dia 28 de agosto:

Dia 28 de agosto (sexta-feira)

10h – O trabalho doméstico durante a pandemia: branquitude e antirracismo – Keila Grinberg (professora titular do Departamento de História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/Unirio). Mediação: Marilene Antunes Sant’Anna (Doutora em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ)

11h – Racismo estrutural em tempos de pandemia – Babalawô Ivanir dos Santos (Pós-doutorando em História Comparada – Programa de Pós-Graduação em Histórica Comparada – PGHC/UFRJ) e pesquisador no Laboratório de História das Experiências Religiosas da UFRJ). Mediação: Adriano Rosa da Silva (Doutor em Educação Física pela Universidade Gama Filho – UGF)

14h – Mesas de comunicações

16h – Mesas de comunicações

19h – Apresentação musical: THEO BIAL – cantor e compositor

 

Trabalhos

Vale lembrar que os interessados ainda podem submeter trabalhos na modalidade “texto completo” até o dia 1/10. Os textos devem estar relacionados a Direitos Humanos e pandemia, com os seguintes eixos temáticos: atividades econômicas, cidades, comunidades carentes, cultura, desenvolvimento sustentável, direitos dos animais, direitos fundamentais, diversidade, educação, Família, inclusão digital, Indígenas, Justiça, lazer, moradia popular, movimentos sociais, políticas públicas emergenciais, população carcerária, populações vulneráveis, saúde, trabalho e violência doméstica.

Confira as regras para a submissão de textos.

OBS.: Todos os eixos temáticos devem estar relacionados a direitos humanos e pandemia

Para obter mais informações sobre o evento, efetuar sua inscrição ou submeter um trabalho na modalidade ” texto completo”, acesse a página do evento no site do CCJF.

*Com informações do CCJF

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