Justiça Federal da 2ª Região promove descontaminação de lâmpadas fluorescentes

Publicado em 13/01/2010

Quando uma lâmpada fluorescente se quebra, cerca de 20mg de vapor de mercúrio metálico são liberados no meio ambiente. Esse material é tóxico para o ser humano e pode causar danos graves ao sistema nervoso. Preocupante? Então imagine isso multiplicado por quase 50 mil. Esse é o total aproximado de lâmpadas que aguardam descarte na Seção Judiciária do Rio de Janeiro. O acúmulo se deve justamente ao fato de que o órgão está atento ao perigo de mandar o material para o lixo sem antes tomar uma medida efetiva para torná-lo inofensivo à saúde pública. Por isso mesmo, no dia 15 de janeiro de 2010 será lançado um pregão eletrônico, para licitar a empresa especializada em tratamento de resíduos mercuriais, que fará a descontaminação do estoque de  lâmpadas fluorescentes inservíveis da Justiça Federal fluminense.

Medida idêntica foi tomada pelo TRF2 em 2009. Na segunda instância da Justiça Federal da 2ª Região (que engloba os Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo), foram cerca de quatro mil lâmpadas fluorescentes devidamente tratadas antes de serem eliminadas. Essas ações – dentre várias outras focadas na responsabilidade institucional com o meio ambiente e com o bem-estar do público, dos servidores e dos magistrados que atuam na 2ª Região do Judiciário Federal – vêm sendo coordenadas atualmente por dois setores criados no ano passado: a Seção de Gestão Ambiental  (Segest), vinculada à Secretaria de Serviços Gerais do TRF2, e o Setor de Reciclagem de Materiais e Gestão Ambiental (SRM), que funciona na Subsecretaria de Logística da Seção Judiciária do Rio de Janeiro (SLO).

           

Ação e educação

Mas vale ressaltar que desde que ambos os setores foram criados, as ações objetivas como a coleta seletiva de lixo nas dependências da instituição (para citar só um projeto) não têm sido o único alvo das suas atividades. Campanhas de conscientização e atividades culturais e educativas com a finalidade de arrebanhar funcionários, juízes e usuários da Justiça Federal para a causa da  sustentabilidade, da proteção ao meio ambiente, e da promoção e manutenção da saúde e da qualidade de vida também têm merecido lugar de destaque na agenda.

Em outubro de 2009, por exemplo, dois eventos chamaram atenção do público interno que soma cerca de 3,5 mil servidores e aproximadamente 650 funcionários terceirizados, computando o pessoal do TRF2 e da Seção Judiciária, só na capital do Rio de Janeiro. No começo daquele mês, o Setor de Reciclagem de Matérias/SLO organizou um conjunto de atividades para os colaboradores terceirizados, que atuam principalmente em serviços de conservação e limpeza da Seção Judiciária. Primeiro, eles participaram da palestra “Nós e o lixo”, com o professor de biologia Jorge Tonnera, da Universidade Corporativa da Comlurb (Unicom), que falou, entre outros pontos, sobre como o lixo influencia a vida das pessoas. A Unicom oferece um programa de educação socioambiental para empregados da empresa pública e para a comunidade, bem como de complementação de escolaridade para o efetivo da Comlurb.

Logo depois da palestra, o grupo de teatro “Porta Aberta”, formado por garis, apresentou uma peça que mostrou situações tragicômicas provocadas pela má gestão do lixo caseiro: “Nosso objetivo é conseguir a adesão dos colaboradores para o projeto de coleta seletiva que está sendo implantado na Seção Judiciária e mostrar a importância dessa prática, pois estamos todos envolvidos nesse movimento de preservação; a participação de cada um faz toda a diferença. Queremos que eles sejam multiplicadores dessas práticas e que as levem para suas vidas particulares”, afirmou a chefe de equipe do SRM, Zoraya Cesar.

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O público acompanhou as situações dramatizadas pelo grupo “Porta Aberta”

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Zoraya Cesar: Todos envolvidos no movimento de preservação

Entre outros convidados que prestigiaram o acontecimento, estavam Jorge Otero, superintendente da Secretaria de Coleta Seletiva da Comlurb, Patricia Grenville, representante da Comissão de Meio Ambiente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, Patricia Longhi, diretora geral da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, Luiz Felipe Fernandes, diretor da Secretaria de Serviços Gerais do TRF2 e Teresinha de Jesus Ribeiro, supervisora da Segest.

Respeito na floresta, descaso na cidade

No outro evento também realizado pelo setor em outubro de 2009, o linguista e ambientalista canadense Ronald MacDonell palestrou em um dos auditórios da Seção Judiciária no centro do Rio sobre o que tem aprendido com as populações nativas da Amazônia. Ele tem lutado para preservar a herança linguística das etnias Makuxi e Wapichana, de Roraima, desde 1986, quando passou a viver entre as comunidades indígenas. O professor Ronald MacDonell falou sobre a relação (muito respeitosa) dos povos da floresta com a natureza e criticou a postura que os brasileiros da cidade têm em relação ao meio ambiente: “Quando eu cheguei do Canadá, fiquei muito chocado ao ver que as pessoas em São Paulo e no Rio de Janeiro jogam lixo na calçada o tempo todo. No meu país, quem fizer isso paga uma multa pesada”, disse.

 

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Ronald MacDonell: Preservação da herança linguistica dos povos da floresta

 

 

Em seguida, foi servido aos participantes um bufê preparado com cascas de frutas, talos de verduras e outras partes dos alimentos que, normalmente, não são aproveitadas. A degustação foi acompanhada por nutricionistas do Serviço Social do Comércio (Sesc), que conversaram com as pessoas, tiraram dúvidas, distribuíram cadernos de receitas, e explicaram como os alimentos podem ser integralmente aproveitados. Por fim, os presentes puderam visitar uma exposição de arte feita com produtos reciclados pelos artesãos do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, uma organização mantida por empresas que apoiam a causa.

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O projeto incluiu bufê com alimentos integralmente aproveitados…

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…e exposição de objetos reciclados

Com o conjunto de práticas, projetos e programas desenvolvidos pela Segest e pelo SRM/SLO, o TRF2 e a Seção Judiciária do Rio de Janeiro se alinham às metas da Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P), criada pelo Ministério do Meio Ambiente com a proposta de “instituir uma nova cultura socioambiental na administração pública. Nessa nova cultura, os órgãos administrativos se dispõem a rever seus padrões de produção e consumo de recursos naturais, bens e serviços”, explicou Zoraya Cesar.

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