Presidente do TRF2 recebe visita de trabalhadora trans no Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia

Publicado em 17/05/2017

Na data em que se comemora o Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia, o presidente do TRF2, desembargador federal André Fontes, recebeu na Presidência da Corte uma jovem que por dois anos integrou a equipe de terceirizados do órgão. Na visita, a trabalhadora cujo nome social é Britany Frazão ouviu do presidente André Fontes que, em breve, deverão ser anunciadas medidas administrativas no Tribunal, visando à inclusão social de minorias que ainda sofrem com o preconceito: “Há trinta e seis anos, quando eu advogava, presenciei um episódio que me impactou muito. Foi uma situação na qual uma juíza destratou um homem que, na época, estava lutando para ter reconhecida sua verdadeira identidade sexual. Nós não podemos permitir que as instituições e os agentes públicos manifestem preconceitos de qualquer natureza. Cada um de nós tem direito a se expressar como indivíduo, com suas diferenças, a viver em liberdade e a ter orgulho de ser quem ser quem é”, disse o desembargador.

Britany, que trabalha desde os dezessete anos de idade, chegou ao Tribunal como assistente de serviços gerais. Seu primeiro posto foi na lavagem de carros oficiais. O contato com André Fontes ocorreu quando ela foi designada para auxiliar na limpeza do andar onde ficava o gabinete do magistrado. Mais tarde, ela foi removida para atuar no escritório da empresa com a qual o TRF2 mantém contrato de prestação de serviços: “Tenho oito irmãos. Todos homens. Quando abri para a família sobre a minha condição, recebi apoio deles e da minha mãe e isso foi muito importante. É processo de aceitação que a gente vai construindo a cada dia”, contou.

Aos vinte e sete anos e morando, desde a infância, em Santa Cruz, bairro da Zona Oeste carioca, ela está desempregada e frequentando um curso de formação de cuidadores de idosos. Além disso, Britany relata que atuou como cabeleireira – que diz ser a sua grande vocação -, recebendo clientes em casa: “Tive que parar porque meu equipamento – secadores, prancha, escova – estava velho e acabou pifando”, declarou.

A trabalhadora, que estudou até concluir o primeiro ano do ensino médio, afirma que nunca sofreu qualquer tipo de preconceito por parte de colegas ou superiores no TRF2: “Amo trabalhar e todo mundo aqui sempre me tratou bem. Acho que se a gente sabe se dar o respeito as pessoas reconhecem a nossa postura profissional e pessoal”, narrou Britany, acrescentando que, no entanto, já foi vítima de homofobia em outras empresas onde prestou serviços.

A chefe de gabinete Andrea Macedo, Britany Frazão e André Fontes
A chefe de gabinete Andrea Macedo, Britany e André Fontes

 

O dia 17 de maio foi escolhido para a celebração do Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia por ter sido nessa data que a homossexualidade foi excluída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID). O ato do órgão vinculado à Organização das Nações Unidas foi publicado em 1990 e a data comemorativa foi oficializada dois anos depois.

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