Tribunal Regional Federal da 2ª Região - TRF2

CCJF na 14ª Primavera dos Museus teve quarteto da Orquestra da Grota e documentário com músicos de centro psiquiátrico

Publicado em 29/09/2020

A pandemia da Covid-19 tem desafiado o senso comum sobre o que são os museus, e à ideia tradicional de um prédio destinado à contemplação de peças artísticas e históricas, distribuídas por salas e corredores, vem se somando a de que o museu pode estar até na tela do computador ou de um aparelho celular. Essa é a conclusão que pode ser extraída da fala do diretor-geral do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), desembargador federal Ivan Athié, durante a abertura da 14ª Primavera dos Museus, que se estendeu pela última semana de setembro e terminou nesta segunda-feira, 27.

“A edição deste ano do evento coordenado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) tem o tema ‘Mundo Digital: Museus em Transformação’, o que é muito oportuno, em razão da pandemia, que levou as instituições museais a transpor suas atividades, na medida do possível, para o meio virtual. Nessa nova realidade, o CCJF tem sido desafiado a pensar e executar programações virtuais e, diga-se, tem se saído muito bem, graças à competência e à dedicação imensuráveis de seus servidores”, afirmou o desembargador.

Foi nesse espírito que a participação do CCJF na Primavera dos Museus em 2020 ocorreu inteiramente pela internet, através do canal do órgão na plataforma Youtube.  A proposta foi ampliar a oportunidade para a sociedade conhecer e interagir nas atividades do Centro Cultural, durante o evento e após. Dentre essas atividades, duas ilustram bem a possibilidade que o mundo digital tem a oferecer a museus e instituições artísticas, para exibir material de qualidade e amplamente variado aos seus diferentes públicos.

A primeira foi a apresentação  on-line do Quarteto Nina’s, grupo de cordas formado em 2019 por Amanda Mateus e Michelle Silva (violinos), Izabella Cardozo (viola) e Raquel Terra (violoncelo) e cujo nome presta homenagem a Nina Simone, pianista, cantora, compositora e ativista pelos direitos civis dos negros norte americanos, falecida em 2003. As quatro instrumentistas se conheceram como integrantes da Orquestra de Cordas da Grota, projeto sediado em Niterói que atua com jovens de comunidades carentes e em situação de vulnerabilidade social. Hoje elas são graduandas ou já estão graduadas em Música.

A outra foi a exibição do documentário “Harmonia Enlouquece”, dirigido por Flávia Lima. A película aborda o cotidiano, o pensamento e o processo de criação do grupo musical que dá título ao documentário e que é composto por pacientes em tratamento no Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro, instituição estadual localizada no bairro da Gamboa, na Zona Portuária da capital fluminense.

Logo após a projeção, Flávia Lima conversou com os internautas pelo canal do Youtube do CCJF. Ela contou que seu desejo de colocar a história do Harmonia Enlouquece na tela surgiu antes mesmo de ela se formar pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro: “Fui profundamente tocada pelo trabalho deles, pelas músicas, pelas letras do Hamilton [o principal compositor do grupo]. E também pela vontade de tocar no tema da saúde mental de forma sensível e menos acadêmica”, narrou.

Os exemplos acima provocam a reflexão e estarem inseridos na programação virtual que o CCJF preparou para 14ª Primavera dos Museus ajuda a entender como essas instituições podem cumprir melhor o papel que lhes cabe de promover a investigação, a disseminação e a interpretação da história e da realidade social e cultural do país, além de preservar a memória. Nessa missão, a rede mundial pode e deve ser encarada como uma importante aliada. Como disse o desembargador Ivan Athié: “A cultura é um direito fundamental garantido pela Constituição, assim como o acesso à informação. Nesse sentido, a virtualização dos museus é muito importante, assim como o acesso à internet, para que os museus, e em consequência a cultura, cheguem a mais pessoas”.

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