Centro de Atendimento Itinerante da Justiça Federal da 2ª Região realiza debate sobre gênero e raça na Fiocruz*

Publicado em 11/12/2018

A juíza federal Adriana Cruz, titular da da 5ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, palestrou sobre interseccionalidade gênero-raça na perspectiva da Justiça e do Direito, no campus Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Zona Norte carioca. A atividade foi realizada por meio de parceria entre a Fiocruz e o Centro de Atendimento Itinerante da Justiça Federal (CAIJF), do Tribunal Regional Federal – 2ª Região (TRF2).

Este foi o quarto encontro promovido pelas duas instituições. A magistrada foi recepcionada pela presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima, que ressaltou a necessidade das parcerias institucionais para um projeto consistente de desenvolvimento social. Ela também mencionou a importância de a Justiça atuar na defesa da cidadania e na prevenção dos conflitos junto às comunidades mais empobrecidas.

Reflexões sobre o racismo

Ao iniciar sua fala durante o encontro, a juíza federal Adriana Cruz afirmou que é comum ouvir falar de racismo como um conceito único, mas ponderou que o fenômeno se manifesta de diversas formas. Citando o pós-doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito, Silvio Luiz de Almeida, a magistrada elucidou que o racismo brasileiro é estruturante, institucionalizado e negado pela sociedade.

“Estruturante porque estrutura a forma como nos organizamos, ou seja, é uma forma de funcionamento; institucionalizado porque vai ser expressado pelas nossas instituições que vão dar forma a essa estrutura, isto é, atuarão na manutenção e reprodução velada das práticas sociais discriminadoras; e negado porque a negação inviabiliza os enfrentamentos anti-racismo e garante a manutenção do status quo”, explicou.

Em sua fala, afirmou que só haverá avanços quando a sociedade conseguir ultrapassar concepções que estabelecem um lugar social bem delimitado para o homem, a mulher, o branco, o negro, e com os quais o olhar da população está acostumado. Segundo a juíza, essas predisposições levariam à perpetuação de práticas e lógicas de manutenção do preconceito. “Não podemos achar que o racismo habita apenas nas ações diretas dos convictos e declaradamente racistas”, disse.

* Com informações da Cooperação Social da Fiocruz

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