A influência da mídia nas decisões judiciais: regulação é importante para democracia

Publicado em 25/08/2014

         A liberdade de expressão é um dos principais direitos da cidadania, mas a ausência de regras nas atividades de mídia não contribui para o aprimoramento do acesso democrático à informação. E, pior ainda, essa carência acaba prejudicando o debate democrático, na medida em que, nas notícias, principalmente sobre crimes, um viés da história sempre acaba sendo priorizado, em prejuízo de outras versões e opiniões. A posição incisiva foi defendida pela jornalista e professora do mestrado da Universidade Federal Fluminense Sylvia Moretzsohn, no fórum “A influência da mídia nas decisões judiciais”, realizado pela Escola da Magistratura Regional Federal da 2a região (Emarf), na quinta-feira, 21 de agosto.
        “Nos países em que a imprensa tem mais liberdade para atuar existe a regulação, porque sem a mediação estatal estamos no pior dos mundos. É essa mediação que garante, de fato, o direito ao julgamento justo”, lembrou Sylvia Moretzsohn, no evento que teve lugar no auditório do TRF2, no Centro do Rio, e que contou com apoio, também, das Seções Judiciárias fluminense e capixaba e da Associação dos Juízes Federais (Ajufe).
        Em sua palestra, a jornalista destacou a “seletividade” da imprensa, que pode dar ampla cobertura a um caso e deixar passar quase em branco outro similar. Como exemplo, ela citou o assassinato da menina Isabela Nardoni, que ocupou as manchetes dos jornais por várias semanas, em março de 2008. Cinco meses depois, teve uma modesta cobertura da imprensa a morte dos irmãos Igor e João Vítor, de 12 e 13 anos, que foram assassinados após anos de torturas infligidas pelo pai e pela madrasta.
        Ainda, citando as críticas de que foi alvo o ministro Celso de Mello ao decidir acolher os embargos infringentes apresentados pelos réus no caso “mensalão”, Sylvia Moretzson ressaltou a “coragem” dos juízes que, apesar de eventual pressão midiática, conseguem preservar a independência para decidir segundo suas convicções.
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