CNJ articula com Ministério dos Direitos Humanos enfrentamento a problemas no sistema carcerário*

Publicado em 15/03/2024

O Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) se reuniu na quarta-feira (13/3) com o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, para dar prosseguimento aos diálogos e discussões sobre construção de plano de ação para enfrentar o estado de coisas inconstitucional no sistema carcerário brasileiro, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) na Arguição de Descumprimento Fundamental (ADPF) 347.

 

Foto da mesa de reunião de representantes do CNJ com o  ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, para dar prosseguimento aos diálogos e discussões sobre construção de plano de ação para enfrentar o estado de coisas inconstitucional no sistema carcerário brasileiro.
CNJ se reuniu com o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, para dar prosseguimento aos diálogos e discussões sobre construção de plano de ação para enfrentar o estado de coisas inconstitucional no sistema carcerário brasileiro. FOTO: Luiz Silveira/Ag. CNJ

 

O encontro para tratar da proposta inicial, que será aberta para discussão e contribuições, ocorreu na sede do ministério, em Brasília. A secretária-geral do CNJ, Adriana Cruz, o coordenador do DMF/CNJ, Luís Lanfredi, e os juízes auxiliares da Presidência com atuação no DMF Edinaldo César Santos Junior e João Felipe Menezes participaram do encontro.

O juiz auxiliar da Presidência do CNJ e coordenador do DMF/CNJ Luís Lanfredi apresentou o planejamento do trabalho. Ele ressaltou que a omissão histórica do Estado levou a uma situação que inviabilizou o funcionamento do sistema prisional, “ao menos nos moldes do que está contemplado na Constituição Federal, nas leis infraconstitucionais e nos tratados internacionais assinados pelo Brasil”, completou. Já a juíza Adriana Cruz reforçou a importância da parceria com o Ministério de Direitos Humanos frente ao problema.

Ao tomar conhecimento do trabalho, o ministro Silvio Almeida reafirmou seu comprometimento com a solução dos problemas apresentados. “Essa é uma política pública de direitos humanos, uma pauta com a qual estamos alinhados e que precisamos urgentemente enfrentar. O Estado brasileiro não está presente no sistema prisional. Essa é uma questão central”, afirmou o ministro.

Plano de Ação

Com previsão de ser executado totalmente em até três anos, o plano foi uma das determinações do STF no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 347 (ADPF 347/23). A decisão afirmou haver “um estado de coisas inconstitucional” no sistema carcerário brasileiro, responsável pela violação massiva de direitos fundamentais e que demanda atuação cooperativa de autoridades, instituições, e sociedade civil, em nível federal, estadual e municipal. A versão final do plano de ação deve ser entregue para validação do STF, em julho.

A proposta, que está em fase inicial, apresenta ações que fundamentarão discussões entre o Judiciário e o Poder Executivo ainda no mês de março. Na última terça-feira (12/3) a reunião foi com a Secretaria Nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senappen/MJSP). Estão previstas ainda agendas institucionais com outros ministérios, órgãos de controle, a exemplo do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da União, e do Sistema de Justiça, incluindo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Colégio Nacional dos Defensores Públicos-Gerais (Condege), Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e Defensoria Pública da União.

Em abril, será aberta a fase de consulta pública para colher as contribuições da população e instituições civis e dois dias de audiência pública em Brasília. Estão previstas também rodadas de reuniões com especialistas, além de diálogos com o Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Em maio, estão planejadas oficinas de engajamento com responsáveis técnicos dos diversos órgãos responsáveis pela política penal.

*Fonte: Agência CNJ de Notícias

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