Magistrados falam sobre sua experiência para alunos do IFES de Santa Teresa*

Publicado em 21/08/2012

        A Seção Judiciária do Espírito Santo recebeu nesta segunda-feira, 20, dentro do programa “Justiça Federal, muito prazer”, a segunda de quatro visitas de estudantes do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) de Santa Teresa/ES, programadas para agosto. É a primeira vez que o projeto recebe turmas de ensino médio e a programação foi totalmente adaptada ao novo público.
        Os alunos – na faixa de 15 anos de idade – são recepcionados no auditório da sede da Seccional, em Vitória, pela diretora do Núcleo de Comunicação Social e Relações Públicas (NCS), Ana Paola Dessaune Carlos Vidal, que faz uma breve explanação sobre o Poder Judiciário, a história e a estrutura da Justiça Federal (mais especificamente a capixaba), pela diretora de secretaria do 2º Juizado Especial Federal, Neidy Aparecida Emerick Torrezani, que fala sobre os juizados especiais federais e o processo eletrônico, e também por um magistrado, que conta sua experiência.
        Na primeira visita da escola, realizada na sexta-feira, 17, o magistrado participante foi o juiz federal substituto da 2ª Vara Federal Cível, Marcelo da Rocha Rosado – que já foi estagiário na SJES. Ele contou que antes de fazer Direito foi aluno da Escola Técnica (hoje, Ifes), no curso de processamento de dados, e que tinha muita dúvida de qual carreira seguir. Optou por fazer faculdade de Direito, mas continuava na dúvida. “A convicção só veio quando vim estagiar na Justiça Federal”, revelou o juiz. “Gostei muito de trabalhar aqui e decidi que voltaria como juiz federal”. Após concluir seu curso, fez concurso para procurador da Fazenda Nacional, mas não perdeu de vista seu objetivo. Com muita dedicação, foi aprovado em 2007 no concurso para a magistratura federal da 5ª Região e, em 2009, conseguiu remoção para o Espírito Santo. “Para atingir minha meta, tive que enfrentar provas muito difíceis e uma concorrência muito grande. Precisei me dedicar, porque essas coisas não caem do céu”, alertou.

Equilíbrio e disciplina

        Na segunda visita, o juiz federal Alexandre Miguel, titular da 1ª Vara Federal Cível, foi o palestrante. Magistrado mais antigo em atividade na Justiça Federal capixaba, Alexandre Miguel também foi estudante de escola técnica. “Fiz curso de instrumentação industrial e cheguei a passar seis meses no Japão, através de um convênio com o Senai. Minha família era toda da área do Direito, mas como jovem quer ser ‘do contra’, eu queria ser engenheiro civil”, brincou o juiz, que chegou a cursar Engenharia Civil, mas já no início do curso percebeu que não gostava da área. “Dois mais dois eram sempre quatro. Não havia discussão. E como eu sempre gostei de discutir, ponderar, argumentar, vi logo que aquela não era a minha área, e resolvi depois fazer Direito”, explicou.
        Em seguida, o juiz falou sobre a importância do equilíbrio e da disciplina para quem quer ser independente na vida. “Eu nunca fui o que vocês hoje chamam de nerd. Eu não perdia uma festa e também adorava futebol. Nunca deixei de fazer essas coisas no final de semana. Mas, durante a semana, arrumava sempre um tempo para estudar e tirava boas notas. Com isso, logo que me formei fui convidado para trabalhar como assessor de um desembargador”, relatou, complementando que hoje em dia há muitas coisas para distrair – a internet, os joguinhos de computador… – e que no dia-a-dia é preciso separar um tempo para isso, mas também para o estudo.
        Alexandre Miguel também destacou que, “independentemente de o professor ser bom ou ruim, o aluno tem que se dedicar, porque, quando for procurar emprego, o empregador não vai querer saber de quem é a culpa de o profissional não estar preparado”. E, respondendo a perguntas do professor Fernando Nunes dos Santos, que acompanha os alunos, falou ainda sobre a imparcialidade no ato de julgar e sobre como se quantifica o valor a ser recebido em casos de danos morais, usando exemplos bem atuais e próprios da faixa etária da turma, como o caso de uma adolescente que teve seu comportamento filmado e publicado no YouTube, numa festa ocorrida na praia de Camburi.
        Após as palestras, os estudantes visitaram a sala de sessões da Turma Recursal, no quarto andar do prédio sede.
        As demais visitas da escola estão programadas para os dias 24 e 27.

A opinião de quem participou

        “Foi tudo muito bom. Todos falaram muito bem explicado, complementando bem o que o professor ensinou em sala de aula”, disse a aluna Andriele Ferrari Monico, acompanhada das colegas Izadora Zanetti Monico e Mirela Bregonci Colombo.
        Para Pedro Henrique Fadini Kerkobsky e seus colegas Kaique Almeida Kach e Thalison de Souza Dipré, a experiência foi “ótima” e “diferente”. Consideraram a recepção muito boa e gostaram muito de ter contato com um juiz e de ver o quanto o processo eletrônico facilitou o trabalho na Justiça.
        Na opinião do professor de Sociologia que solicitou a visita e acompanha a turma, o evento cumpre com o objetivo de proporcionar aos alunos o contato direto com o Poder Judiciário e com a magistratura.

O projeto

        O “Justiça federal, muito prazer” foi iniciado em 2008, por iniciativa do juiz federal Vladmir Santos Vitovsky, então presidente da Turma Recursal capixaba, com o objetivo de aproximar a Justiça Federal de um de seus principais públicos – os idosos. Foram realizadas visitas ao Centro de Convivência da 3ª Idade de Jardim da Penha, com palestras mais focadas nos juizados especiais federais e nos direitos dos idosos.
        Coordenado pela Comunicação, o programa foi estendido aos alunos universitários, principalmente do curso de Direito. No ano passado, foi incluído no rol de projetos institucionais da SJES, com a finalidade de atender à meta 4 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de “Implantar pelo menos um programa de esclarecimento ao público sobre as funções, atividades e órgãos do Poder Judiciário em escolas ou quaisquer espaços públicos”.
        Os interessados em agendar a visita podem entrar em contato com o NCS pelo e-mail ncs@jfes.jus.br ou pelo telefone (27) 3183-5109.

*Fonte: Núcleo de Comunicação Social e Relações Públicas da JFES

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