Programa “A Justiça Federal vai ao Cidadão”: Segunda Região leva juiz para conversa com alunos e responsáveis em escola de região pacificada do Rio
Publicado em 27/11/2012
A EM José Aparecido do Prado Sarti, instalada no bairro de Inhaúma, na região do complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, foi a primeira instituição a abrir as portas para o programa de palestras que integra o projeto “A Justiça Federal vai ao Cidadão”, elaborado pela Coordenadoria dos Juizados Especiais Federais da Segunda Região (Coordjefs2), órgão do Tribunal Regional Federal (TRF2). No dia 22 de novembro, o juiz federal Vladimir Vitovsky, titular da 9a Vara de Execução Fiscal, fez duas apresentações. Pela manhã, o encontro foi direcionado a alunos do 5o e do 6o anos do ensino fundamental. E à tarde, o diálogo aconteceu com mães de estudantes mais jovens, dos primeiros anos curriculares.
Alguns dias antes, a Escola distribuiu aos alunos que participaram do evento kits personalizados, produzidos pelo Tribunal, para que os professores já fossem trabalhando com os jovens alguns conteúdos abordados na palestra. Entre outros itens, no material havia cartilhas que falam sobre a estrutura e o funcionamento dos poderes da República (em especial do judiciário) e sobre o trabalho do juiz, além de introduzir questões sobre como cada cidadão pode contribuir para a construção de uma realidade mais justa e solidária para todos.
Em sua conferência com cerca de 60 alunos, de idades entre 11 e 13 anos, Vladimir Vitovsky levantou hipóteses de conflitos do dia-a-dia que poderiam ser submetidos à justiça e encorajou a plateia a propor soluções e a discutir suas conclusões e opiniões. Logo as curiosidades ficaram aguçadas e as perguntas para o magistrado começaram a pipocar pelo auditório.
Episódio de seriado da TV é usado para lançar debate
Um dos casos lançados pelo juiz – o que mais gerou comentários – foi o de um episódio do seriado mexicano “Chaves”, muito popular entre as crianças brasileiras. O protagonista, de bicicleta, havia atropelado o gatinho do personagem Quico. Por conta disso, o professor Girafales, outro personagem, é chamado para presidir um tribunal do júri improvisado. O veredito: inocente, por ficar provado que o acidente ocorreu porque o Chaves teve de desviar do próprio professor Girafales, que caminhava distraído, admirando uma moça bonita na rua. Com a ilustração, Vladimir Vitovsky aproveitou para pontuar, em linguagem bastante simples, diferenças conceituais entre dolo e culpa.
Já para as mães que participaram da primeira edição do programa de palestras, o magistrado falou sobre os serviços prestados pela Justiça Federal e sobre como e onde encontrá-los, assim como esclareceu dúvidas sobre direito previdenciário, do trabalho e de família, entre outras.
A proposta do projeto “A Justiça Federal vai ao Cidadão” é, de fato, servir como instrumento de informação e aproximação institucional com a sociedade, bem como produzir eventos e garantir recursos de acessibilidade para as populações mais carentes. O Complexo do Alemão foi escolhido como ponto de partida da parceria com as escolas em razão de o TRF2 ter implantado na região, em outubro, o Centro de Atendimento da Justiça Federal (CAJF), que funciona como posto do primeiro atendimento dos Juizados Especiais Federais.
O CAJF está instalado na sede do projeto “Justiça Aqui”, criado pelo Conselho Nacional de Justiça numa antiga fábrica de refrigerantes, que fica na esquina da Avenida Itaoca com a Estrada do Itararé (onde hoje também funciona a Coordenadoria das UPPs do Rio de Janeiro), no bairro de Bonsucesso. O atendimento é prestado às terças e quintas, das 9 às 15 horas.
Os Juizados Especiais Federais são responsáveis por julgar ações com valor de até 60 salários mínimos ajuizadas contra a União, suas autarquias, empresas públicas e fundações, como o INSS, a Caixa Econômica Federal e a Fiocruz, por exemplo.